
Mundo – Em um ato tremendamente emotivo realizado em uma pequena sala dentro dos Arquivos Nacionais de Washington, nesta sexta-feira, o Governo norte-americano promoveu a maior quebra de sigilo de documentos da sua história. Uma caixa selada com seis discos rígidos foi entregue ao ministro argentino da Justiça, Germán Garavano, pelo bibliotecário David Ferreiro, máxima autoridade na conservação de arquivos nos EUA. Abre-se assim um desejado capítulo do livro necessário para conhecer o que Washington sabia e o que diversas administrações norte-americanas aprovaram sobre os abusos cometidos pelo regime militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983.
“Em nome do presidente dos EUA, lhe entrego estes arquivos com a esperança de que possam ajudar a sanar seu país”, disse Ferriero a Garavano na sede do edifício do Arquivo Nacional, em Washington.
As informações permitirão o avanço de processos judiciais e que os argentinos possam “conhecer o lado obscuro de um período tão sombrio”, disse Garavano.
Essa é a última entrega de um projeto de desclassificação que começou em 2016 por ordem do então presidente Barack Obama (2009-2017) que, durante uma visita a Buenos Aires, prometeu que seu país assumiria a responsabilidade de “enfrentar o passado com honestidade e transparência”.
Os documentos desclassificados desde 2016 provêm das bibliotecas presidenciais de quatro presidentes: o republicano Gerald Ford (1974-1977); o democrata Jimmy Carter (1977-1981); o republicano Ronald Reagan (1981-1989); e o também conservador George H.W. Bush (1989-1993).